Pesquisar este blog

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Mitos 2010: Histeria em Massa

Adbução por alienígenas?
  Desde as especulações selvagens nos mercados financeiros até a crença que os alienígenas estão nos visitando, nós humanos somos propensos a todo tipo de ilusões tanto pessoais quanto em massa, assim tem acontecido durante séculos…
Por que há gente que acredita em fenômenos tais como os ÓVNIS, abduções alienígenas, cirurgia psíquica e fantasmas, quando as provas são tão escassas e pouco convincentes?

Por que algumas pessoas insistem, por exemplo, que existe uma “face” em Marte quando já foi demonstrado que trata-se apenas um truque de luz e sombras. Por que há gente que acredita que os círculos nos campos de cereais são artefatos alienígenas quando os embusteiros que criaram estes engenhosos enganos já nos demonstraram como os construíram?


Circulos criados em campos de cereais

  Por que há gente que segue insistindo que existiu no passado uma civilização avançada, uma nação perdida, conhecida como Atlântida, quando há legiões de arqueólogos que afirmam categoricamente que não existe nenhuma pista ou prova da sua existência? E aqueles que acham a acupuntura ou a homeopatia conseguem tratar os grandes males da humanidadee, quando um grande número de estudos confiáveis demonstra o contrário?
Sabemos que as percepções humanas tendem a ser pouco confiáveis: simplesmente escute os testemunhos de diferentes testemunhas de um incêndio ou um acidente no trânsito e você se questionará se estão descrevendo efetivamente o mesmo evento. Mas, por que tanta gente se vê atraída pelas teorias da conspiração ou mesmo as supostas profecias do boticário francês do século XVI Michel de Nostredame (mais conhecido por todos como ‘Nostradamus’)?
Sabemos, ao longo da história, que as ilusões coletivas de fato ocorrem: os sociólogos Robert Bartholomew e Erich Goode detalharam como as crenças falsas ou exageradas em geral podem surgir de forma espontânea, espalhar-se rapidamente por uma população e temporariamente afetar uma região, cultura ou até mesmo uma nação inteira.

Crises econômicas

Em geral a conhecemos (imprecisamente) como ‘histeria coletiva’ e existem muitos fatores que contribuem para o nascimento e expansão de tais ilusões coletivas. Estas incluem os rumores, extraordinária ansiedade pública ou excitação coletiva, as crenças culturais ou os estereótipos compartilhados e a amplificação destes pelos meios de comunicação em massa, assim como algumas ações de reforço eventualmente realizadas por autoridades e formadores de opinião, tais como os ditadores, os políticos, a polícia ou até mesmo os militares.
Charles Mackay, o jornalista escocês e editor do jornal Illustrated London News, escreveu como o povo é sugestionável em seu livro de 1841, Extraordinary Popular Delusions and the Madness of Crowds (Memorando de extraordinários engodos populares e a loucura das multidões).


  O assunto que Charles Mackay descreve está claro que não consiste apenas de um tema acadêmico ou de sugestão para uma conversa interessante em alguma festa: há casos modernos de destruição de empregos, companhias e até economias. A crise financeira global, que agora reverbera em toda a economia mundial, começou com uma selvagem e irrestrita dívida que todo mundo sabia que era insustentável, uma vez que dependia dos endividados quitarem dívidas relativas a quantias que claramente estavam além das suas posses. Não seria isto uma massiva ilusão coletiva?

Tulipas muito, muito caras…

  Entre tempos de bonança e crises econômicas, em ciclos que temos entrado e saído tantas vezes, podemos ver que este mesmo comportamento ilusório entra em jogo repetidas vezes. Mackay nos recorda no capítulo 3 algo que é perturbadoramente familiar: no pico da “mania das tulipas”, nos Países Baixos, em fevereiro de 1637 os contratos de vendas futuras destas flores eram vendidos por mais de 10 vezes o salário anual de um hábil artesão e em algum ponto da crise ofereceram cinco hectares de terra em troca de um único bulbo da tulipa Semper Augustus. Vejamos mais detalhes a seguir:

O termo mania das tulipas ou ‘tulipamania’ é aplicado metaforicamente a qualquer bolha especulativa de grande escala, que passa da euforia ao pânico, até culminar em uma crise econômica. A expressão está ligada a um episódio da História dos Países Baixos: a crise das tulipas, gerada na República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos, durante o século XVII, quando um bulbo de tulipa passou a ser vendido pelo preço equivalente a 24 toneladas de trigo. O ápice dessa crise ocorreu entre 1636 e 1637. Charles Mackay conta uma história da época:
Um rico mercador havia comprado por 3.000 florins (~280 libras esterlinas) uma rara tulipa Semper Augustus que em algum momento desapareceu de seu depósito. Depois de vasculhar todo o depósito, ele viu um marinheiro, que havia confundido o bulbo da tulipa por uma cebola, comendo a tal tulipa. O marinheiro foi prontamente preso e passou seis meses na prisão.

Cruzadas

  Dos infrutíferos séculos de estudo sobre a transmutação de elementos em ouro até a queima de bruxas em Salem; Da loucura do século XVII em usar imãs para curar os males até as sangrentas campanhas militares de 200 anos das Cruzadas e seu impacto social, econômico e político de grande alcance – as ilusões coletivas tem sido uma constante ao longo da história humana.

Abduções Alienígenas?

  Mas estes fenômenos também entram em jogo de forma individual, desde os contos de abduções alienígenas (que são notavelmente similares as histórias de abduções por demônios em séculos passados) a relatos de cirurgias psíquicas e a ilusão pessoal de que a homeopatia cura os males. Em alguns casos, a ‘abduções’ poderiam ser explicadas através de uma enfermidade que apenas recentemente começamos a compreender: a paralisia do sono.

Somos “caçadores-coletores”?

Talvez não devêssemos nos surpreender com as nossas limitações. “Em nosso interior nós somos caçadores-coletores”, disse o físico Robert Park, autor do livro Superstition: Belief in the Age of Science (Superstição: as Crenças na Era da Ciência). “O cérebro que nos permite escrever sonetos e resolver equações diferenciais tem mudado pouco em 160.000 anos. A ciência nos tem transportado para um mundo repleto de viagens em jatos e com comunicação eletrônica, mas nosso cérebro permanece ainda conectado com os instintos dos nossos ancestrais selvagens que lucraram em sobreviver na selva do Pleistoceno”.
  
Para a alquimia, transmutação é a conversão de um elemento químico em outro. Este conceito pode também ser aplicado com características próprias na física nuclear. Desde os primórdios da alquimia ocidental, acreditava-se que era possível a transmutação de metais vis, como o chumbo, antimônio e bismuto em metais nobres, como a prata e o ouro. Com o florescimento do conhecimento científico, constatou-se que a transmutação alquímica, defendida pelos alquimistas, é impossível. Por outro lado, este fenômeno ocorre na natureza espontaneamente quando certos elementos químicos e isótopos possuem núcleos instáveis. Em tais elementos são produzidos fenômenos de fissão nuclear que se transformam em novos elementos de números atômicos inferiores, até que os seus núcleos se tornem estáveis. O fenômeno contrário, a transmutação em elementos de números atômicos maiores, dá-se em temperaturas e pressões muito elevadas, como as existentes no núcleo do Sol, onde o Hidrogênio se funde gerando o Hélio. O processo que ocorre no interior das estrelas é denominado de nucleossíntese estelar. 

O Mundo Assombrado pelos Demônios…

Mas existe uma esperança: e pode encontrá-la na ciência. No excelente livro The Demon Haunted World (O mundo assombrado pelos demônios – A ciência vista como uma vela no escuro) de 1995 sobre pensamento crítico e as ilusões que assolam a humanidade, Carl Sagan defende que o método científico e a clareza das idéias podem ajudar-nos a superar este pensamento obscuros.
Pensar de forma crítica e clara, disse Sagan: “é o meio… mediante o qual uma idéia profunda pode ser separada da profunda insensatez”. Defende que “é muito melhor aferrar-se ao Universo como este realmente é, que persistir em uma ilusão, não importa quão satisfatória e reafirmada esta seja”.
Além do método científico, Sagan oferece um conjunto de ferramentas para o pensamento crítico, que chamou ironicamente de “o Kit de detecção de camelos”: constrói um argumento racional baseado nas evidências e mantém-se aberto a reconhecer uma falácia ou um argumento fraudulento que contradiga as evidências existentes.

Navalha de Ockham

Busca uma confirmação independente de qualquer fato e quando as teorias tentam explicar exatamente as mesmas coisas, aplica-se a “Navalha de Ockham”: o princípio que disse que, ao tratar de se explicar um fenômeno, deve-se fazer as mínimas suposições possíveis, uma vez que em geral a explicação mais simples é a correta.
Sagan sugere formas de detectar “as falácias mais comuns da lógica e retórica” tais como aceitar um argumento simplesmente se baseando em que procede de alguém com autoridade ou acreditar em alguém que se baseia em estatísticas de uma amostra com poucos argumentos. Finalmente, a ciência não é uma resposta em si mesma, a ciência é uma ferramenta que ajuda a encontrar as respostas que nós buscamos.

Fontes

Cosmos Magazine:

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Mitos 2012: O Planeta X não é Nibiru

  Tendo em vista os diversos alertas e notícias falsas sobre tragédias a ocorrer no ano de 2012 alegando o suposto ‘fim do calendário Maia‘, estamos postando uma série de artigos para desmistificar esses cenários apocalípticos impossíveis. Esse é o segundo artigo que fala sobre o suposto Planeta X e sua alegada associação com o hipotético planeta Nibiru.


Planeta X não é Nibiru!

  Os limites exteriores do sistema Solar contêm muitos planetas anões ou plutóides ainda a serem descobertos. Desde que começou a busca pelo Planeta X no início do século XX, a possibilidade da existência de um hipotético planeta a orbitar o Sol além do Cinturão de Kuiper tem alimentado muitas teorias apocalípticas e especulações, tentando saber se, na realidade, o Planeta X é de fato um irmão binário do Sol perdido há muito tempo. Mas, qual é a razão para se temer a combinação Planeta X/’fim do mundo‘? Não seria o tal Planeta X apenas em um objeto hipotético, desconhecido e nada sinistro?

  Como discutimos no artigo “2012: Não haverá Planeta X“, os falsos profetas do apocalipse têm vinculado a busca atual do Planeta X à antiga profecia Maia de 2012 e ao mítico planeta sumério Nibiru, culminando com péssimas notícias para o dia 21 de dezembro de 2012. Entretanto, as evidências astronômicas para estas ligações têm sérios erros.

Vejamos a seguir os fatos reais…

  Em 18 de junho de 2008, cientistas em Kobe, Japão, anunciaram (um deles um brasileiro, Patryk Lykawka) que sua busca teórica de um grande corpo no Sistema Solar exterior havia produzido resultados. A partir de seus cálculos, poderia existir um planeta, possivelmente um pouco maior que um plutóide, mas certamente menor que a Terra, orbitando além de 100 UA do Sol. Mas antes que fiquemos entusiasmados, este objeto não é Nibiru e isto não é uma evidência do final do mundo em 2012. Trata-se de uma nova e apaixonante evolução na busca de planetas menores além do Cinturão de Kuiper…

  Em uma nova simulação teórica, os dois pesquisadores de Kobe deduziram que os confins mais distantes do Sistema Solar podem conter um planeta ainda não descoberto. Patryk Lykawka e Tadashi Mukai da Universidade de Kobe publicaram um artigo no Astrophysical Journal detalhando a tese sobre um planeta menor o qual eles julgam que poderia estar interagindo com o misterioso Cinturão de Kuiper.

Os Objetos do Cinturão de Kuiper (KBOs)


Concepção artística de Sedna (NASA). Corpos massivos, como Sedna, orbitam além da órbita de Plutão

  O Cinturão de Kuiper ocupa uma enorme região do espaço e dista cerca de 30 a 50 UA do Sol. Contém um vasto número de objetos rochosos e metálicos, sendo o maior objeto conhecido como o planeta anão (ou “plutóide“) Éris. Há muitos anos desconfia-se que o Cinturão de Kuiper tem algumas características estranhas que podem assinalar a presença de outro grande corpo planetário orbitando ao redor do Sol além do Cinturão de Kuiper. Uma de tais características é a bem conhecida anomalia chamada de “Falésia de Kuiper” que ocorre a 50 UA do Sol. Isto corresponde a um final abrupto do Cinturão de Kuiper uma vez que poucos objetos foram observados além deste ponto no Cinturão de Kuiper (os KBOs). Esta “falésia” não pode ser atribuída a ressonâncias orbitais com planetas massivos tais como Netuno, e não parece haver nenhum erro observacional óbvio. Muitos astrônomos crêem que um corte tão brusco na população dos KBOs pode ser causado por um planeta ainda não descoberto, possivelmente tão grande como a Terra. Este é o objeto que Lykawka e Mukai estimam ter encontrado em seus cálculos.

Os maiores TNOs (Objetos Trans-Netunianos) conhecidos



  Esta pesquisa japonesa estima que um grande objeto, com 30-70% da massa da Terra, orbita o Sol a uma distância de cerca de 100 a 200 UAs. Este objeto pode também ajudar a explicar por que alguns KBOs e objetos trans-netunianos (TNOs) têm algumas estranhas características orbitais (como Sedna).

  Desde que se descobriu Plutão em 1930, os astrônomos têm estado buscando outro corpo mais massivo que pudesse explicar as perturbações orbitais observadas nas órbitas de Netuno e Urano. Esta procura se conhece como a “busca do Planeta X“, o qual literalmente significa “a busca de um planeta ainda não identificado”. Na década de 1980 estas perturbações se catalogaram como erros observacionais. Por tanto, a procura científica atual do Planeta X é a busca de um grande KBO ou um planeta menor. Embora o Planeta X pode não ser maior que a Terra, os investigadores ainda estão entusiasmados com encontrar mais KBOs, possivelmente do tamanho de um plutóide, o tal vez um pouco maior, mas não muito mais.

  “Para mim, o interessante é a sugestão dos tipos de objetos interessantes que podem estar ainda esperando a ser descobertos no Sistema Solar exterior. Ainda estamos arranhando os limites dessa região do Sistema Solar, e espero que nos esperem muitas outras surpresas em futuras investigações mais profundas”, afirma Mark Sykes, Diretor do Instituto de Ciências Planetárias no Arizona.

O Planeta X não dá medo
Suposta órbita do hipotético objeto chamado Nibiru do livro “The Twelfth Planet (O décimo segundo planeta)” do profeta do apocalipse Zecharia Sitchin (www.sitchin.com)


  Então como é que Nibiru entrou no jogo? Em 1976, um controvertido livro conhecido como “The Twelfth Planet (O décimo segundo planeta)” foi escrito por Zecharia Sitchin. Sitchin havia interpretado alguns textos cuneiformes sumérios antigos (a primeira forma conhecida de escrita) como uma tradução literal da origem da humanidade. Estes textos de 6.000 anos de idade revelam aparentemente que uma raça alienígena conhecida como Anunnaki viajou para a Terra em um planeta denominado Nibiru. É uma longa e complexa historia, mas para abreviar, os Anunnaki se modificaram geneticamente os primatas da Terra para criar o homo sapiens para os transformarem em seus escravos. (Acabo de compreender de onde veio provavelmente o roteiro do filme Stargate de Kurt Russell em 1994).

  Quando os Anunnaki deixaram a Terra, nos permitiram governar o planeta hasta que retornassem. Tudo isto parece ser um pouco fantástico, e tal vez demasiado detalhado considerando-se uma tradução literal de unos textos de 6.000 anos de idade. O trabalho de Sitchin tem sido ignorado pela comunidade científica dado que muitos de seus métodos de interpretação são considerados como meramente imaginativos. Entretanto, muita gente tem tomado o trabalho de Sitchin literalmente, e crêem que Nibiru (em sua órbita altamente excêntrica ao redor do Sol) retornará possivelmente em 2012 para causar todo tipo de terror e destruição na Terra. É importante apontar que aqui não estou colocando em questão nenhuma evidência histórica, espiritual ou arqueológica de Nibiru, simplesmente estou apontando que o vínculo entre a teoria do ‘fim do mundo‘ do Planeta X em 2012 está baseado em “descobertas” astronômicas muito duvidosas. Se este é o caso, como se pode considerar o Planeta X a personificação de Nibiru?

  Em 1984, chegou enfim a “alegada descoberta de uma anã marrom no Sistema Solar exterior” por parte do IRAS e o “suposto anúncio da NASA de um planeta de 4-8 massas terrestres viajando até a Terra” em 1993. Os profetas do apocalipse (que andam sempre acompanhados de um livro para nos vender) se agarraram nessas hipóteses astronômicas alegando que são provas de que Nibiru é de fato o famoso Planeta X, aquele que os astrônomos têm procurado arduamente durante o último século. Não apenas isso, manipulando os fatos destes estudos científicos, eles “demonstraram” que Nibiru está viajando na nossa direção e em 2012 este corpo massivo passará através do Sistema Solar interior, causando todo tipo de danos gravitacionais. Para maiores detalhes sobre este tema leia “2012: Não haverá Planeta X “.

  Em sua forma mais pura, o Planeta X é teoricamente um possível planeta desconhecido que orbita pacificamente além do Cinturão de Kuiper. Se o anúncio dos cientistas de Kobe, Japão, nos leva a observação de um novo planeta ou plutóide, tal achado será uma descoberta incrível que ajudará a entender mais sobre a evolução planetária do Sistema Solar e as características dos misteriosos limites exteriores do Sistema Solar.

  Posso garantir que os profetas do apocalipse já estão adaptando esta nova investigação para usá-la como apoio de suas teorias sem sentido de que o Planeta X é de fato Nibiru, e que esse objeto virá em nossa direção em 2012. Por que será que temos o sentimento de que ainda seguiremos aqui discutindo sobre o Planeta X em 2013?

Perguntas e respostas sobre o mito de Nibiru e o fim do mundo em 2012

  Committee for Skeptical Inquiry (inglês): The Myth of Nibiru and the End of the World in 2012

  David Morrison é cientista do Instituto de Astrobiologia da NASA, onde, entre outras responsabilidades, responde as perguntas recebidas via internet “Pergunte a um astrobiólogo“. Morrinson é membro do Comitê de Investigação Cética (CSI – Committee for Skeptical Inquiry) e autor de numerosos livros e artigos. Morrison é um dos homenageados com a Medalha Carl Sagan da Sociedade Astronômica Americana por suas contribuições à compreensão pública da ciência.

AstroPT: 2012 – Fim do Mundo

Mitos 2012: Não haverá inversão dos pólos magnéticos da Terra

  Tendo em vista os diversos alertas e notícias falsas sobre tragédias a ocorrer no ano de 2012 alegando o suposto ‘fim do calendário Maia‘, postamos aqui uma série de artigos para desmistificar esses cenários apocalípticos impossíveis. Esse é o quinto artigo que fala sobre a suposta inversão dos pólos magnéticos da Terra prevista pelos falsos profetas do apocalipse a acontecer em 2012.




2012: Não haverá inversão geomagnética na Terra!



  Aparentemente, em 21 de dezembro de 2012, nosso planeta experimentará um poderoso evento. Desta vez não estamos falando do Planeta X, Nibiru ou de uma tempestade solar “assassina”, este evento que citamos agora terá suas origens nas profundezas do núcleo do nosso planeta, forçando uma mudança catastrófica em nosso campo magnético protetor. Não apenas notaremos uma rápida redução na força do campo magnético como também nós veremos como os pólos magnéticos irão reverter rapidamente sua polaridade, isto é, o pólo norte magnético se deslocará para o pólo sul geográfico e vice-versa. Então, o que tal cenário significa para nós? Se nós acreditarmos nos falsos profetas do apocalipse, estaremos então expostos a vastas quantidades de radiação emitida pelo Sol em 2012.
 
Raios Cósmicos - Crédito: Simon Swordy (U. Chicago), NASA


  Com uma inversão do campo magnético terrestre também haverá um enfraquecimento na capacidade da Terra em desviar os raios cósmicos. Nossa armada de satélites de comunicação e militares sofrerá graves problemas, tais como a queda em suas órbitas, adicionando caos ao cenário. Sofreremos distúrbios sociais, guerras, fome e um colapso econômico global. Sem GPS, nossas linhas aéreas também se arrebentarão contra o solo…


  Usando as Profecias Maias como desculpa para criar novas e explosivas formas nas que nosso planeta poderá ser destruído em 2012, os profetas do apocalipse usam a teoria do deslocamento geomagnético como se a mesma fosse uma verdade absoluta e inquestionável. Essa atitude é simplesmente devida ao fato que os cientistas estimaram que mudanças na polarização magnética terrestre talvez pudessem acontecer dentro de alguns milhares de anos. Para os falsos profetas, todavia, tal parece evidência suficiente de que ocorrerá nos próximos quatro anos. Desgraçadamente, embora a teoria das migrações nos pólos magnéticos tenha real respaldo científico, como veremos mais a frente aqui, não há hoje nenhuma forma ou técnica com a qual alguém possa afirmar que uma inversão geomagnética terá lugar nos próximos dias ou nos próximos milhões de anos…

  Primeiro, devemos diferenciar os conceitos de “inversão geomagnética” e “mudança polar”. A “inversão geomagnética” é uma mudança no campo magnético da Terra que se dá quando o pólo norte magnético desloca-se para o pólo sul geográfico e vice-versa. Quando tal processo se completar as nossas bússolas passariam a apontar para Antártida, no pólo-sul geográfico, como o sendo o pólo norte ao invés do nordeste do Canadá. Por por outro lado, as “mudanças polares” (a mudança física dos pólos geográfficos) são eventos incomparavelmente menos freqüentes, que provavelmente ocorreram raríssimas vezes dentro escala de tempo do Sistema Solar (cerca de 4,55 bilhões de anos). Há exemplos de planetas que sofreram uma mudança polar catastrófica: Vênus (que gira na direção oposta do resto dos planetas por ter sido golpeado por um evento descomunal, tal como uma colisão com um planeta errante – veja as razões aqui em “Qual a razão do movimento retrógrado de Vênus?“) e Urano (o qual gira de lado, com seu eixo deslocado por um impacto cataclísmico, ou algum efeito gravitacional extremo causado por Júpiter e Saturno). Muitos autores (incluindo os próprios profetas do apocalipse) citam freqüentemente esses dois cenários notadamente distintos, inversão geomagnética e mudança polar, como sendo a mesma coisa, o que está totalmente errado. Tendo esclarecido esse ponto, vamos então tratar a seguir do cenário: “inversão geomagnética“.

Qual é a freqüência das ocorrências do fenômeno da inversão geomagnética?

Vejamos:


  As razões inerentes à inversão dos pólos magnéticos não são plenamente entendidas, mas esse cenário se relaciona tão somente à dinâmica interna do planeta Terra. Conforme nosso planeta gira, o núcleo interior de ferro fundido flui livremente, forçando os elétrons livres a acompanhar sua movimentação. Este movimento convectivo de partículas eletricamente carregadas cria um campo magnético que tem seus pólos situados nas regiões polares norte e sul (um dipolo) do planeta. Isto é conhecido como o efeito dínamo. O campo magnético resultante se comporta aproximadamente como um ímã, permitindo que o campo magnético envolva o nosso planeta.

  Este campo magnético passa através do núcleo até a crosta terrestre e segue até o espaço formando a magnetosfera, uma bolha protetora que é constantemente perturbada pelo vento solar. Uma vez que as partículas do vento solar são iônicas (carregadas eletricamente), a potente magnetosfera da Terra desvia essas partículas, só permitindo sua chegada nas cúspides polares, onde as linhas do campo magnético se “abrem”. Nessas regiões específicas as partículas energéticas tem sua entrada permitida e brilham formando as auroras.

  Normalmente, esta situação pode durar por éons (o campo magnético estável entrelaçado através das regiões polares norte e sul), mas sabemos que ocasionalmente o campo magnético terrestre se inverte e altera sua intensidade.

Por que ocorre a inversão geomagnética?

Gráfico que mostra as inversões de polaridade da Terra a o longo dos últimos 160 milhões de anos. Negro = polaridade normal, branco = polaridade invertida. Fonte: Lowrie (1997)



  Simplesmente nós não conhecemos as causas reais. O que sabemos é que estas mudanças de pólos magnéticos têm ocorrido algumas vezes nos últimos milhões de anos. A última reversão teve lugar há 780.000 anos, de acordo com as evidências mostradas nos sedimentos ferromagnéticos. Alguns artigos alarmistas têm dito que as inversões geomagnéticas ocorrem com uma “regularidade de um relógio” – isto simplesmente é mentira. Como se pode ver no diagrama (acima), as inversões magnéticas têm acontecido de forma bastante caótica nos últimos 160 milhões de anos. Os dados de longo prazo sugerem que o período mais longo de estabilidade entre inversões magnéticas durou quase 40 milhões de anos (durante o período Cretáceo que tem cerca de 65 milhões de anos) e o mais curto demorou algumas centenas de anos.

  Algumas teorias do apocalipse em 2012 sugerem que a inversão geomagnética da Terra está conectada com o ciclo solar natural do Sol de 11 anos. De novo, não existe nenhuma evidência científica que apóie esta afirmação. Não há nenhuma informação disponível que associa alguma ligação da mudança de polaridade magnética da Terra com o Sol.

  Assim, novas versões das teorias do apocalipse já estão falando que as inversões geomagnéticas não acontecem com a “regularidade de um relógio”, e não existe conexão com a dinâmica solar. Na verdade, não se espera uma inversão magnética dado que não podemos predizer quando se produzirá a próxima, as inversões magnéticas têm lugar em pontos aparentemente aleatórios de nossa história, conforme os registros históricos de levantamentos geológicos dos sedimentos ferromagnéticos.

O que causa a inversão geomagnética?

A Terra modelada: podemos simular em laboratório o campo magnético terrestre? (Flora Lichtman, NPR)




  A pesquisa para tentar compreender a dinâmica de nosso planeta continua em andamento. Conforme a Terra gira, o ferro fundido de seu interior é agitado e flui de forma estável durante milênios. Por alguma razão durante uma inversão magnética, algumas instabilidades causam uma interrupção da geração estável do campo magnético global, provocando uma mudança de pólos.

  Em um artigo anterior na Universe Today, discutimos os esforços do geofísico Dan Lathrop por criar o seu próprio “Modelo da Terra“, configurando uma bola de 26 toneladas (que continha um elemento análogo do ferro fundido, o sódio) que girava para se ver se o movimento do fluido interno poderia gerar um campo magnético. Este enorme experimento de laboratório é o testamento dos esforços postos na compreensão de como a Terra gera seu campo magnético além da razão do mesmo se inverter aleatoriamente.

  Uma visão minoritária (a qual, novamente, tem sido usada pelos profetas do apocalipse para vincular as inversões geomagnéticas com o Planeta X) é que pode haver algumas influências externas que causem as inversões. Você verá com freqüência associações destas afirmações com a suposta existência do Planeta X/Nibiru, de forma que quando este misterioso objeto se encontrar dentro o Sistema Solar interior durante sua órbita altamente elíptica, a perturbação do campo magnético poderia alterar a dinâmica interna da Terra (e do Sol, gerando possivelmente a tempestade solar “assassina”). Esta teoria é uma fraca vontade de vincular os cenários dos falsos profetas do apocalipse com um precursor comum do ‘fim do mundo‘ (quero dizer, o Planeta X). Não há razão para pensar que o potente campo magnético da Terra possa ser influenciado por qualquer força externa, muito menos por um planeta inexistente.

A força do campo magnético cresce e decresce…

As variações no campo geomagnético no oeste dos Estados Unidos desde a última inversão. A linha pontilhada vertical indica o valor crítico de intensidade baixo o qual Guyodo e Valet (1999) consideram que têm tido lugar várias excursões direcionais.


  Publicou-se recentemente um artigo contendo novas investigações sobre o campo magnético da Terra, no exemplar de 26 de setembro da revista Science, sugerindo que o campo magnético da Terra não é tão simples como se acreditava. Além do dipolo norte-sul, existe um campo magnético mais débil e disperso por todo o planeta, provavelmente gerado no núcleo externo da Terra.

  Têm-se medido variações de força no campo magnético da Terra e é bem conhecido o fato de que a força do campo magnético atual está passando por uma fase com tendência de redução. O novo artigo de pesquisa, co-escrito pelo geocronólogo Brad Singer da Universidade de Wisconsin, sugere que um campo magnético mais débil é crítico para a inversão geomagnética. Se o dipolo mais potente (norte-sul) tem sua força de campo magnético reduzida para um nível inferior de intensidade, comparada com a do campo magnético distribuído, normalmente mais débil, a inversão geomagnética torna-se viável.

  “O campo nem sempre é estável, a convecção e a natureza do fluxo se alteram, e isto pode provocar que o dipolo gerado aumente ou diminua de intensidade e força”, disse Singer. “Quando o campo magnético se torna fraco, este fica menos capaz de alcançar a superfície da Terra e o que começamos a ver surgindo é este dipolo não axial, a parte mais fraca do campo magnético”. O grupo de pesquisa de Singer analisou amostras antigas de lava de vulcões no Taiti e Alemanha originadas entre 500.000 até 700.000 anos atrás. Observando um mineral rico em ferro presente nessa lava, denominado magnetita, os investigadores foram capazes de deduzir a direção do campo magnético.

  O giro dos elétrons na magnetita é governado pelo campo magnético predominante na ocasião que a lava foi produzida pelos vulcões. Durante as épocas em que o potente campo dipolar domina, estes elétrons apontam na direção do pólo norte magnético. Durante as épocas em que o campo dipolar se enfraquece, os elétrons apontam para onde estiver o campo dominante, neste caso o campo magnético distribuído. Os cientistas acreditam que quando a intensidade do campo magnético dipolar debilitado cai abaixo de certa faixa de valores, o campo magnético distribuído empurra o campo dipolar para fora do seu eixo original, provocando uma inversão geomagnética.

  “O campo magnético é uma das características mais fundamentais da Terra”, disse Singer. “Mas ainda é um dos maiores enigmas da ciência. A razão disso acontecer [a inversão geomagnética] é algo que a gente tem questionado durante mais de cem anos”.

O movimeneto do polo norte magnético terrestre através do Artico do Canadá.

Os errantes pólos magnéticos


  Embora pareça haver uma tendência atual para uma diminuição da força do campo magnético, a intensidade corrente do campo magnético tem sido considerada acima da média quando a comparamos com as variações medidas na história recente. De acordo com os pesquisadores na Scripps Institution of Oceanography , São Diego, se o campo magnético continuar na sua tendência de queda atual, o campo dipolar será efetivamente zerado em cerca de 500 anos. Não obstante, é mais provável que a força do campo magnético simplesmente se reinicie e aumente sua intensidade como tem sido usual nos últimos milhares de anos, continuando com suas flutuações naturais.

  As posições dos pólos magnéticos, como sabemos, estão dando voltas sobre as localidades no Ártico e na Antártida. Tomando o pólo norte magnético, por exemplo, (no desenho da esquerda) vê-se que a posição do pólo tem se descolado de forma acelerada sobre as planícies do norte de Canadá com velocidade variando de 10 quilômetros por ano no século XX até 40 quilômetros por ano em medições mais recentes.

  Pensa-se que se esta tendência persistir o eixo norte irá deixar a América do Norte e penetrar na Sibéria dentro de algumas décadas. Este, todavia, não é um fenômeno novo. Desde a descoberta de James Clark Ross da posição efetiva do pólo norte magnético em 1831, sua posição tem vagado por centenas de quilômetros (embora as médias atuais tenham mostrado alguma aceleração adicional).

Então, haverá ou não o ‘Fim do Mundo’ ?

  As inversões geomagnéticas são uma área fascinante da pesquisa geofísica que continuará ocupando os físicos e geólogos durante muitos anos à frente. Embora a dinâmica por trás deste evento não seja entendida por completo, não há absolutamente nenhuma evidência científica que apóie a afirmação de que poderia haver uma inversão geomagnética em torno de 21 de dezembro de 2012.

  Além disso, os efeitos de tais inversões têm sido totalmente super enfatizados. Se por acaso venhamos a experimentar uma inversão geomagnética ao longo de nossas vidas (o que possivelmente não acontecerá), é improvável que sejamos assados vivos pelo vento solar ou aniquilados pelos raios cósmicos.


Simulação da interação entre o campo magnético terrestre e o campo magnético interplanetário (solar). O campo magnético da Terra protege nosso planeta do vento solar, desviando as partículas ionizadas ejetadas pelo Sol.



  É improvável que soframos qualquer evento de extinção massiva (afinal, o homem primitivo, o homo erectus, sobreviveu à última inversão geomagnética, aparentemente sem sofrer danos). Provavelmente iremos  experimentar a visão de auroras em todas as latitudes, enquanto o campo magnético dipolar se assenta em seu novo estado invertido, e poderá haver um pequeno incremento no bombardeio das partículas energéticas espaciais, os raios cósmicos (lembre-se que o simples enfraquecimento da magnetosfera, não implicará que não iremos mais ter a proteção magnética). Fora isso, nós estaremos (muito bem) protegidos pela nossa espessa atmosfera.

Os satélites poderão até passar por falhas e os pássaros migratórios ficarão confusos, mas prever a ocorrência de um colapso mundial é uma história difícil de engolir.

Conclusão:

  As inversões geomagnéticas são de natureza caótica. Não há forma de prevê-las com antecedência.

  Simplesmente porque o campo magnético da Terra se enfraquece tal não significa que estamos perto do momento de um colapso. O valor da intensidade do campo geomagnético da Terra está “acima da média” se comparamos as medidas atuais com as dos últimos milhões de anos.

  Os pólos magnéticos não estão fixos em umas posições geográficas, os pólos se movem (em velocidades variáveis) e tal movimento têm acontecido desde que se iniciaram as medidas de seus comportamentos.

  Não existem provas que apontem para uma força externa afetando a dinâmica geomagnética interna da Terra. Assim, não há nenhuma prova de uma conexão das inversões geomagnéticas com as do ciclo solar. E não venham falar do Planeta X também…

  Considerando tudo isso, podemos acreditar que haverá um evento de inversão geomagnética em 2012? Eu julgo que não.

  De novo vemos como outro cenário apocalíptico de 2012 fala de muitas formas. Não há dúvida que as inversões geomagnéticas terão lugar algum dia no futuro da Terra, mas estamos falando de escalas de tempo variando de otimistas 500 anos (improvável) até milhões de anos e certamente não nos próximos quatro anos…

Fontes e referências

AstroPT: 2012 – Fim do Mundo

domingo, 29 de agosto de 2010

Mitos 2012: Não haverá Planeta X

    Tendo em vista os diversos alertas e notícias falsas sobre tragédias a ocorrer no ano de 2012  alegando o  suposto ‘fim do calendário Maia‘, estamos postando uma série de artigos para desmistificar esses cenários apocalípticos impossíveis. Esse é o terceiro artigo que fala sobre o suposto Planeta X que supostamente se aproximará perigosamente da Terra em 2012 e provocará o ‘fim do mundo.
2012: No Planet X (2012: Não haverá Planeta X)

   Aparentemente, o Planeta X (também conhecido como Nibiru) foi observado pelos astrônomos no princípio dos anos 80, nos confins mais remotos do Sistema Solar. O tal planeta tem sido seguido por observatórios infravermelhos, foi visto rondando pelo Cinturão de Kuiper e agora acelerando justamente em nossa direção e entrará no Sistema Solar interior em 2012. Então, o que isso quer dizer para nós? Bem, os efeitos de aproximação do Planeta X sobre nosso planeta serão bíblicos e mais ainda, esses efeitos estão sendo sentidos desde agora. Milhões, ou até mesmo bilhões de pessoas morrerão, o aquecimento global vai aumentar, terremotos, saques, fome, guerras, colapso social, incluindo explosões solares assassinas, todas essas desgraças serão causadas por Nibiru quando ele passar através do núcleo do Sistema Solar. Tudo isto irá ocorrer em 2012, e devemos começar a nos preparar para nossa extinção desde já…
Como já se investigou em artigo anterior, “2012: Não Haverá o ‘fim do mundo’“, tem-se dado grande importância para o suposto evento chamado “o final do calendário Maia de Contagem Longa“. De acordo com este calendário e mitos Maias, algo ocorrerá em 21 de dezembro de 2012. Agora, os apocalípticos que apóiam o Planeta X parecem ter calculado que seu hipotético e letal planeta viajará em uma excêntrica órbita para causar um caos gravitacional na Terra, causando danos ambientais, econômicos, geológicos e sociais e matando a uma grande parte da vida terrestre… e tudo isso tem data marcada: 2012.
Sinto muito, mas os “fatos” que estão por trás do mito do Planeta X/Nibiru simplesmente não têm o menor sentido. Então não se preocupe, o Planeta X não baterá em nossa porta em 2012.
Explicarei a seguir as razões…


Nibiru e o Planeta X

Em 1843, John Couch Adams (um matemático e astrônomo britânico) estudou as perturbações orbitais de Urano e deduziu através das interações gravitacionais que deveria existir um oitavo planeta após Urano, perturbando sua órbita. Isto levou a descoberta de Netuno, orbitando a uma distância de 30 UA do Sol. Tem havido diversas ocasiões nas quais este método tem sido usado para deduzir a existência de outros corpos no Sistema Solar antes que fossem vistos de forma direta através de telescópios.
Netuno, por sua vez, também experimentava perturbações orbitais, mas com a descoberta de Plutão em 1930, pensou-se que o bem denominado “Planeta X” havia sido finalmente descoberto. Desgraçadamente, a massa de Plutão era diminuta e quando se analisou a órbita de Caronte (lua de Plutão), verificou-se que a massa do sistema Plutão-Caronte era demasiada pequena para afetar consistentemente a órbita de Netuno. A busca do Planeta X prosseguiu…
Depois de anos de especulação e pesquisa histórica, acreditava-se que um grande objeto alvo da busca contínua dos astrônomos era um grande planeta ou uma pequena estrela, possivelmente uma estrela companheira do nosso Sol (tornando assim o Sistema Solar um sistema binário). O nome “Nibiru” foi desenterrado pelo autor Zecharia Sitchin, na suposição da possível intervenção de extraterrestres nos inícios da história da humanidade. Nibiru é um hipotético planeta procedente da cultura suméria (os sumérios existiram ao redor de 6.000 a.C até 3.000 a.C, antecessores dos babilônios, que viveram onde atualmente se situa o Iraque). Há pobres evidências arqueológicas a sugerir que este mítico planeta tem algo que ver com o Planeta X. Mas dada esta duvidosa conexão, agora os profetas do apocalipse pensam que o Planeta X e Nibiru são a mesma coisa, um antigo corpo astronômico que agora vai retornar depois de uma longa órbita nos confins de nosso Sistema Solar.
OK, se então a conexão Nibiru/Planeta X pode ser questionável, existe por outro lado alguma evidência sólida sobre a presença de algum possível candidato a Planeta X moderno?

foto

Observações infravermelhas = Planeta X ?

Há muita ênfase na “alegada descoberta” em 1983 que destaca um misterioso corpo celeste detectado pelo “Infrared Astronomical Satellite” da NASA (IRAS) nos confins do Sistema Solar, a aproximadamente 540 UA de distância do Sol. Naturalmente, na ocasião, as mídias de comunicação de todo o mundo ficaram entusiasmadas por tal descoberta e começaram a gerar rumores, espalhando que talvez esse objeto seja o procurado Planeta X (o artigo mais popular que defendeu essa tese foi o do Washington Post, publicado em 31 de dezembro de 1983 e intitulado “Descoberto um misterioso corpo celeste” – “Mystery Heavenly Body Discovered“). Na realidade, os astrônomos não estavam confiantes de que era realmente o misterioso corpo infravermelho (a pista está na palavra “misterioso”). Os informes originais das mídias postulavam que poderia ser um cometa de longo período, ou um planeta, ou uma galáxia jovem, ou uma proto-estrela (ou uma anã marrom). Tão logo que se mencionou a última possibilidade, tal rumor se converteu na “descoberta” de que o Planeta X era na realidade uma anã marrom que orbitava nos confins mais distantes do Sistema Solar.
“Tão misterioso é o objeto que os astrônomos não sabem se é um planeta, um cometa gigante, uma “proto-estrela” próxima que nunca teve calor suficiente para converter-se em estrela, uma galáxia distante tão jovem que ainda está em processo de formar suas primeiras estrelas ou uma galáxia envolta em pó que bloqueia a luz gerada por suas estrelas”. – Thomas O’Toole, Escritor associado ao Washington Post, 30 de dezembro de 1983 (conforme texto do site Planet X and Pole Shift).
Então, de onde obteve essa história o Washington Post? A história foi publicada em resposta ao artigo de pesquisa titulado Unidentified point sources in the IRAS minisurvey (”Fontes pontuais não-identificadas na pesquisa do IRAS” por Houck et al publicado em Astrophysical Journal Letters, 278:L63, 1984). O Dr. Gerry Neugebauer, co-investigador do projeto IRAS, foi entrevistado e afirmou categoricamente que o que IRAS viu não sugeria que houvesse um objeto aproximando-se da Terra. Lendo esta interessante pesquisa, fiquei especialmente atraído pela conclusão do artigo científico:
“Um número de identificações candidatas tem sido consideradas, incluindo objetos extragalácticos e galácticos próximos ao Sistema Solar. Posteriores observações em infravermelho e outras faixas de freqüência de onda podem proporcionar informação adicional para apoiar alguma de estas conjeturas, ou talvez, estes objetos irão necessitar de interpretações completamente distintas”. – Houck et al, Astrophysical Journal Letters, 278:L63, 1984.
Embora estas observações publicadas do IRAS terem mencionado vagamente objetos misteriosos, nessa ocasião não havia nenhuma indicação de que existisse um objeto (muito menos uma anã marrom) aproximando-se de nós. Mas os rumores já haviam começado a fluir. Quando se publicaram posteriores artigos em 1985 (”Unidentified IRAS sources – Ultrahigh-luminosity galaxies“, Houck et al., 1985) e 1987 (The IRAS View of the Extragalactic Sky, Soifer et o., 1987), já haviam bem poucos interessados em seus argumentos esclarecedores. De acordo com estas novas publicações, a maioria das observações do IRAS no artigo de 1984 eram na realidade jovens galáxias ultra-luminosas e uma delas era uma estrutura filamentosa conhecida como “cirrus infravermelho” flutuando no espaço intergaláctico. O IRAS, de fato, nunca observou nenhum corpo astronômico nos confins do Sistema Solar.

Perturbações orbitais = Planeta X?

Além da “descoberta de 1983″ da “anã marromPlaneta X, a afirmação de 1992 sobre o Planet X era algo assim: “Desvios inexplicáveis nas órbitas de Urano e Netuno apontam para um grande corpo fora do solar sistema solar com 4 e 8 vezes a massa da Terra, em uma órbita muito inclinada, há 11 bilhões de quilômetros do Sol”, – texto de uma fonte da NASA não citada no vídeo “Planet X Forecast and 2012 Survival Guide” (”Previsão e Guia de Sobrevivência para a vinda do Planeta X”).

foto cinturão de kuiper

Apoiando-se na descoberta de planetas usando as medidas de perturbação orbital, os defensores do Planeta X apontam para esse tal alegado anúncio da NASA em 1992. Nesse cenário foram apuradas medidas indiretas de um planeta a aproximadamente 11 bilhões de quilômetros da Terra. Desgraçadamente, não se encontrou a fonte original desta afirmação para se fazer a confrontação. A única grande descoberta que a NASA anunciou sobre este tema em 1992 foi o descoberta do primeiro grande objeto trans-netuniano (TNO) denominado 1992 QB1 (os detalhes da descoberta deste objeto da classe cubewano estão detalhados aqui na transcrição original do anúncio). 1992 QB1 possui um diâmetro de 200 km e está confinado no Cinturão de Kuiper, uma zona de planetas anões (onde reside Plutão) e asteróides entre 30 UA e 55 UA, além da órbita de Netuno. Alguns destes corpos (exemplo: Plutão) cruzam eventualmente o caminho da órbita de Netuno e são por isso designados como TNO. Estes TNOs não proporcionam nenhuma ameaça contra a Terra (muito menos eles abandonarão o Cinturão de Kuiper para fazer-nos uma visita em 2012).
Desde então, qualquer perturbação orbital de Netuno tem sido associada a erros observacionais e não se têm observado quaisquer problemas com as apurações da órbita desse planeta desde então… pelo que parece não há nenhum objeto óbvio maior que qualquer dos que existem no Cinturão de Kuiper ali fora. Ainda assim, para manter uma mente aberta, vamos supor que poderiam até haver corpos por descobrir (isso poderia explicar por que há uma queda na concentração tão marcante dos objetos do Cinturão de Kuiper na “Falésia de Kuiper”), mas não há provas de que um corpo massivo está se aproximando desde a vizinhança do Cinturão de Kuiper. Além disso a estranha anomalia da Pioneer a qual as sondas Pioneer e Voyager estão experimentando também não se pode atribuir ao Planeta X. Esta anomalia parece ser uma aceleração até o Sol, se houvesse um planeta massivo ali fora, este provocaria algum efeito gravitacional contrário…


4 a 8 massas terrestres = uma anã marrom!?!? Tem que ser o Planeta X!

Provavelmente a inconsistência mais evidente na hipótese do Planeta X é a afirmação dos defensores do Planeta X de que o objeto de 1984 de IRAS e o corpo de 1992 são o mesmo. Como anunciado em diversas páginas da web e vídeos on-line sobre o Planeta X, a observação de 1984 de IRAS viu o Planeta X a 80 bilhões de quilômetros da Terra. O “alegado anúncio” da NASA de 1992 colocou o Planeta X a uns 11 bilhões de quilômetros da Terra. Portanto, seguindo a lógica, o Planeta X havia viajado 69 bilhões de quilômetros ao longo de apenas oito anos (de 1984 a 1992). Baseado então em alguns duvidosos cálculos matemáticos, o Planeta X é então esperado que alcance o centro do Sistema Solar em 2012 (embora muitos acreditassem que deveria haver chegado em 2003… obviamente estavam equivocados em sua previsão).
Bom, penso assim que nós estamos mordendo nossa língua agora. Para começar, para que o objeto de 1984 fosse exatamente o mesmo que o objeto de 1992, certamente estes corpos deveriam ter a mesma massa. Se o Planeta X era de fato uma anã marrom (como as observações do IRAS nos levou a supor), como é possível tal objeto pesar tão somente de 4 a 8 massas terrestres oito anos depois? As anãs marrons têm uma massa na faixa de 15-80 vezes a massa de Júpiter. Dado que Júpiter tem aproximadamente 318 massas terrestres, o objeto que se dirige até nós deveria ter uma massa de entre 4.770 e 25.440 massas terrestres, não é? Dessa forma, vou ser taxativo aqui e concluir que os objetos de 1984 e de 1992 (se é que existiram alguma vez tais objetos) nunca poderiam ser os mesmos. A diferença de massas entre esses alegados objetos é abismal…

Se não há provas que apóiem o Planeta X, deve(?) então haver uma conspiração dos governos

Parece agora que é bem fácil alegar dúvidas sobre a pretensa teoria “científica” básica que está por trás do suposto Planeta X. Tampouco vejo razões para estender o assunto aqui para discutir as razões históricas (extinções massivas, atividade vulcânica, terremotos etc.) sobre as quais os profetas do apocalipse acreditam que justificam o tal Planeta X. Se não há nenhum planeta ofensor lá fora com uma massa significativa, como poderia ser Nibiru uma ameaça para nós em 2012?
Os profetas do apocalipse tentarão nos convencer que há uma conspiração global dos governos internacionais para ocultar os fatos. A NASA estaria implicada neste acobertamento, dada a falta de evidências sobre o Planeta X. Em minha opinião, simplesmente a falta de provas não indica uma conspiração para ocultar a verdade do público. Por que acreditar que os governos ocultariam uma “descoberta” tão histórica e formidável como um planeta apocalíptico aproximando-se o Sistema Solar interior? Ah! É para evitar o pânico nas massas e seguir com suas próprias agendas secretas (obviamente).
Como resultado, este é o único ponto de apoio atrás do mito do Planeta X. Quando os confrontamos com os fatos científicos, os defensores do Planeta X respondem “… os governos nos enviam desinformação para encobrir a verdade sobre as observações de Nibiru“. Embora eu até aprecie eventualmente uma bem construída tese de teoria da conspiração, não apoiarei nada em nome do Planeta X. Se a ciência básica que nos tem levado a concluir que a tese da existência do Planeta X está errada, parece então um argumento pobre dizer “mas foi o governo que fez isso”.
Assim, a história que o Planeta X chegará em 2012 é, em minha opinião, uma total estupidez (mas ela ajuda a vender livros e DVDs, criados pelos profetas do apocalipse, a gente aterrorizada). Desta forma, Nibiru seguirá tão somente nos domínios dos mitos sumérios.

domingo, 1 de agosto de 2010

Mitos 2012 - Fim do Mundo

Não Haverá o ‘Fim do Mundo’

    Tendo em vista os diversos alertas e notícias falsas sobre tragédias a ocorrer no ano de 2012 alegando o suposto ‘fim do calendário Maia‘, estamos postando uma série de artigos para desmistificar esses cenários apocalípticos impossíveis. Esse é o quarto artigo que fala sobre o noticiado ‘Fim do Mundo‘ previsto pelos falsos profetas do apocalipse a ocorrer em 21 de dezembro de 2012.

Não haverá o 'Fim do Mundo' em 2012!


    Aparentemente o mundo terminará em 21 de dezembro de 2012. Sim, você leu certo, de alguma forma ou maneira, a Terra (ou pelo menos uma grande parte dos humanos do planeta) deixarão de existir. Pare já de planejar sua carreira, não se preocupe mais em comprar uma nova casa e assegure-se de que irá passar os últimos anos de sua vida fazendo algo que sempre desejou fazer, mas que nunca teve tempo para se dedicar. Agora, pelo menos, teremos algum tempo, quatro anos, para desfrutamos nossas vidas por nós mesmos antes… do final fatídico.

    Mas o que significa esta conversa maluca? Já temos escutado tantas previsões do ‘fim do mundo‘ antes, e continuamos por aqui, por que afinal é tão importante o tal ano de 2012? Temos ouvido que o calendário Maia terminará no final do ano 2012, desatando todo tipo de razões religiosas, científicas, astrológicas e históricas uma vez que este calendário prevê o final da vida como a conhecemos. A Profecia Maia ganhou força e parece estar preocupando a gente em todas as áreas da sociedade. Esqueça Nostradamus, esqueça o problema do bug do milênio, esqueça a crise financeira global, este evento será descomunal e muitos fiéis crêem que isto vai acontecer de verdade. Pode até ser que o Planeta X esteja vindo por aí…

    No entanto, para todos estes seguidores da Profecia Maia de 2012, tenho más notícias. Não haverá o fim do mundo em 2012, e aqui estão as razões…

O calendário Maia

    Então o que é o calendário Maia? O calendário foi construído por uma civilização avançada denominada Maia em 250-900 d.C. As ruínas e sítios arqueológicos do império Maia se estendem ao longo da maior parte dos estados sulinos do México, chegando até Guatemala, Belize, El Salvador e parte de Honduras, como podemos ver no mapa abaixo.

A civilização Maia dominou grande parte a América Central pré-colombiana


    A gente que vivia na sociedade Maia exibia habilidades de escrita muito avançadas e tinham uma surpreendente capacidade para construir cidades e planificação urbana. Os Maias são provavelmente mais famosos por suas pirâmides e outros intrincados e enormes edifícios. Os Maias tiveram um enorme impacto na cultura da América Central, não só dentro de sua civilização, mas também com as outras populações indígenas da região. Ainda vive um significativo número de Maias na atualidade, continuando com suas tradições ancestrais.

    Os Maias usaram muitos calendários distintos e viam o tempo como um conjunto de ciclos espirituais. Embora os calendários tivessem usos práticos, tais como em atividades sociais, agricultura, comerciais e administrativas, havia um elemento religioso muito forte. Cada dia teria um espírito patronal, o que significava que cada dia tinha um uso específico. Isto contrasta muito com nosso moderno calendário gregoriano o qual fixa principalmente as datas sociais, econômicas e administrativas.

Atmosfera de Vênus, sofrendo erosão pelo vento Solar

    A maioria dos calendários Maias era de duração curta. O calendário de Tzolk’in durava 260 dias e o de Haab’ aproximadamente o ano solar de 365 dias. Os Maias então combinaram ambos, Tzolk’in com Haab’ para formar o “Calendário Circular”, um ciclo durava 52 Haab’s (aproximadamente 52 anos, isto é, aproximadamente a duração de uma geração). Dentro do Calendário Circular havia uma trezena (ciclos de 13 dias) e uma vintena (ciclos de 20 dias). Obviamente, este sistema seria só de uso quando se levassem em conta os 18.980 dias únicos ao longo de 52 anos. Em adição a estes sistemas, os Maias também tinham o “Ciclo de Vênus“. Sendo os Maias atentos e precisos astrônomos, eles formaram um calendário baseado na localização de Vênus no céu noturno. Também é possível que tenham feito o mesmo com outros planetas do Sistema Solar.

    Usar o Calendário Circular é genial se você só quer lembrar a data de seu adversário, os períodos e datas religiosas significativas, mas, e para registrar a história? Não havia forma de registrar datas mais velhas que 52 anos.

O final da Contagem Longa = o final da Terra?

    Os Maias tinham uma solução para isso. Usando um método inovador, foram capazes de estender o Calendário Circular de 52 anos. Até esse ponto, o calendário Maia pode até parecer um pouco arcaico – afinal o mesmo era baseado em crenças religiosas, o ciclo menstrual, cálculos matemáticos usando os números 13 e 20 como unidades base e uma forte mistura de mitologia astrológica. A única correlação principal com o calendário moderno é o Haab’ que se sabe que tinha os 365 dias do ano solar (não está claro sua os Maias tinham em conta os anos bissextos). A resposta a um calendário mais longo poderia ser encontrada na “Contagem Longa”, um calendário que durava 5126 anos.

    Estou realmente impressionado com este sistema de datação. Para começar, é numericamente previsível e pode marcar com precisão as datas históricas. Todavia, depende de uma unidade base de 20 (os calendários modernos usam a unidade na base 10). Então, como isto funcionava?

    O ano base da Contagem Longa Maia começa no “0.0.0.0.0″. Cada zero vai de 0 a 19 e cada um representa uma conta do dias Maias. Assim, por exemplo, o primeiro dia na Contagem Longa se denota como 0.0.0.0.1. no dia 19 teremos 0.0.0.0.19, no dia 20 subimos um nível e teremos 0.0.0.1.0. A contagem continua até o 0.0.1.0.0 (aproximadamente um ano), 0.1.0.0.0 (aproximadamente 20 anos) e 1.0.0.0.0 (unos 400 anos). Por tanto, se tomamos uma data arbitraria de 2.10.12.7.1, isto representa uma data Maia de aproximadamente 1012 anos, 7 meses e 1 dia.

Ruina Maia em Palenque

    Tudo isto é muito interessante, mas o que isso tem que ver com o fim do mundo? A Profecia Maia está completamente baseada na suposição de que algo de mal irá suceder quando o calendário da Contagem Longa Maia se acabe. Os expertos estão divididos sobre quando se acaba a Contagem Longa, mas como os Maias usaram números 13 e 20 como sistemas numéricos, o último dia que poderia ter lugar seria o 13.0.0.0.0. Quando ocorrerá isto? Bem, 13.0.0.0.0 representa 5126 anos e a Contagem Longa começa em 0.0.0.0.0, o qual corresponde à data moderna de 11 de agosto de 3114 a.C. Notou o problema? A Contagem Longa Maia finaliza 5126 anos depois, em 21 de dezembro de 2012.

O ‘Fim do Mundo‘?

    Quando alguma coisa termina (até algo tão inocente como um calendário antigo), a gente acaba pensando nas possibilidades mais extremas tal como o fim da nossa civilização. Uma breve varrida pela Internet irá mostrar desde as mais populares até as mais estranhas ou bizarras formas nas quais, com bem pouco pensamento lógico, seremos eliminados da face da Terra. Os arqueólogos e mitólogos, por outro lado, crêem que os Maias previram o início de uma era de iluminação quando chegue o 13.0.0.0.0. Na realidade não há muitas provas que indiquem que chegará o dia do fim do mundo. Se algo foi previsto pelos Maias, foi na verdade algum milagre religioso e não um mau agouro.

    Os mitos abundam até alimentam roteiros de filmes. Parece que o tema da nova produção Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal está baseado no mito Maia de que 13 caveiras de cristal que podem salvar a humanidade da condenação. Este mito apregoa que se as 13 antigas caveiras não se reúnem no momento adequado, a Terra será desviada de seu eixo. Isto poderia ser um grande argumento para filmes de ficção com orçamentos milionários, mas também destaca-se o exagero que desperta, iniciando idéias religiosas, científicas e não científicas de que o mundo está condenado.

Meteoro chocando-se contra Terra

    Algumas das ameaças espaciais mais populares sobre a Terra e a humanidade se concentram nos impactos de meteoritos, buracos negros, o Planeta X destruindo a maior parte de vida, tempestades solares assassinas, explosões de raios gama de galáxias próximas ou supernovas, uma rápida idade do gelo próxima e uma inversão nos pólos magnéticos da Terra. Há muitos rumores contando que estas coisas irão acontecer em 2012 e é surpreendente quantas conseqüências têm gerado na população. Cada uma das “ameaças” acima citadas necessitaria de um artigo específico para mostrar por que não há provas que as apóiem.

    Mas o fato permanece, A Profecia do Dia do Juízo Maia está puramente baseada em um calendário o qual acreditamos que não tenha sido projetado para calcular datas mais além de 2012. Os arqueólogos e astrônomos estudiosos sobre os Maias também têm debatido se a Contagem Longa está desenhada para reiniciar-se a 0.0.0.0.0 depois de 13.0.0.0.0, ou se o calendário simplesmente continua até o 20.0.0.0.0 (aproximadamente 8000 d.C) e logo se reinicia. Como Karl Kruszelnicki escreve brilhantemente:

    “…quando um calendário chega o final de seu ciclo, simplesmente passa para o ciclo seguinte. Em nossa sociedade ocidental cada ano o 31 de dezembro está seguido, não pelo final do mundo, mas pelo dia 1º de Janeiro. Por que o 13.0.0.0.0 no calendário Maia será seguido por o 0.0.0.0.1? – ou pela boa e antiga data de 22 de dezembro de 2012, poucos dias antes do Natal”. – Extrato de “Grandes Momentos da Ciência” do Dr. Karl.

                                                                                                                         Fontes: eternoaprendizes.com