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domingo, 29 de agosto de 2010

Mitos 2012: Não haverá Planeta X

    Tendo em vista os diversos alertas e notícias falsas sobre tragédias a ocorrer no ano de 2012  alegando o  suposto ‘fim do calendário Maia‘, estamos postando uma série de artigos para desmistificar esses cenários apocalípticos impossíveis. Esse é o terceiro artigo que fala sobre o suposto Planeta X que supostamente se aproximará perigosamente da Terra em 2012 e provocará o ‘fim do mundo.
2012: No Planet X (2012: Não haverá Planeta X)

   Aparentemente, o Planeta X (também conhecido como Nibiru) foi observado pelos astrônomos no princípio dos anos 80, nos confins mais remotos do Sistema Solar. O tal planeta tem sido seguido por observatórios infravermelhos, foi visto rondando pelo Cinturão de Kuiper e agora acelerando justamente em nossa direção e entrará no Sistema Solar interior em 2012. Então, o que isso quer dizer para nós? Bem, os efeitos de aproximação do Planeta X sobre nosso planeta serão bíblicos e mais ainda, esses efeitos estão sendo sentidos desde agora. Milhões, ou até mesmo bilhões de pessoas morrerão, o aquecimento global vai aumentar, terremotos, saques, fome, guerras, colapso social, incluindo explosões solares assassinas, todas essas desgraças serão causadas por Nibiru quando ele passar através do núcleo do Sistema Solar. Tudo isto irá ocorrer em 2012, e devemos começar a nos preparar para nossa extinção desde já…
Como já se investigou em artigo anterior, “2012: Não Haverá o ‘fim do mundo’“, tem-se dado grande importância para o suposto evento chamado “o final do calendário Maia de Contagem Longa“. De acordo com este calendário e mitos Maias, algo ocorrerá em 21 de dezembro de 2012. Agora, os apocalípticos que apóiam o Planeta X parecem ter calculado que seu hipotético e letal planeta viajará em uma excêntrica órbita para causar um caos gravitacional na Terra, causando danos ambientais, econômicos, geológicos e sociais e matando a uma grande parte da vida terrestre… e tudo isso tem data marcada: 2012.
Sinto muito, mas os “fatos” que estão por trás do mito do Planeta X/Nibiru simplesmente não têm o menor sentido. Então não se preocupe, o Planeta X não baterá em nossa porta em 2012.
Explicarei a seguir as razões…


Nibiru e o Planeta X

Em 1843, John Couch Adams (um matemático e astrônomo britânico) estudou as perturbações orbitais de Urano e deduziu através das interações gravitacionais que deveria existir um oitavo planeta após Urano, perturbando sua órbita. Isto levou a descoberta de Netuno, orbitando a uma distância de 30 UA do Sol. Tem havido diversas ocasiões nas quais este método tem sido usado para deduzir a existência de outros corpos no Sistema Solar antes que fossem vistos de forma direta através de telescópios.
Netuno, por sua vez, também experimentava perturbações orbitais, mas com a descoberta de Plutão em 1930, pensou-se que o bem denominado “Planeta X” havia sido finalmente descoberto. Desgraçadamente, a massa de Plutão era diminuta e quando se analisou a órbita de Caronte (lua de Plutão), verificou-se que a massa do sistema Plutão-Caronte era demasiada pequena para afetar consistentemente a órbita de Netuno. A busca do Planeta X prosseguiu…
Depois de anos de especulação e pesquisa histórica, acreditava-se que um grande objeto alvo da busca contínua dos astrônomos era um grande planeta ou uma pequena estrela, possivelmente uma estrela companheira do nosso Sol (tornando assim o Sistema Solar um sistema binário). O nome “Nibiru” foi desenterrado pelo autor Zecharia Sitchin, na suposição da possível intervenção de extraterrestres nos inícios da história da humanidade. Nibiru é um hipotético planeta procedente da cultura suméria (os sumérios existiram ao redor de 6.000 a.C até 3.000 a.C, antecessores dos babilônios, que viveram onde atualmente se situa o Iraque). Há pobres evidências arqueológicas a sugerir que este mítico planeta tem algo que ver com o Planeta X. Mas dada esta duvidosa conexão, agora os profetas do apocalipse pensam que o Planeta X e Nibiru são a mesma coisa, um antigo corpo astronômico que agora vai retornar depois de uma longa órbita nos confins de nosso Sistema Solar.
OK, se então a conexão Nibiru/Planeta X pode ser questionável, existe por outro lado alguma evidência sólida sobre a presença de algum possível candidato a Planeta X moderno?

foto

Observações infravermelhas = Planeta X ?

Há muita ênfase na “alegada descoberta” em 1983 que destaca um misterioso corpo celeste detectado pelo “Infrared Astronomical Satellite” da NASA (IRAS) nos confins do Sistema Solar, a aproximadamente 540 UA de distância do Sol. Naturalmente, na ocasião, as mídias de comunicação de todo o mundo ficaram entusiasmadas por tal descoberta e começaram a gerar rumores, espalhando que talvez esse objeto seja o procurado Planeta X (o artigo mais popular que defendeu essa tese foi o do Washington Post, publicado em 31 de dezembro de 1983 e intitulado “Descoberto um misterioso corpo celeste” – “Mystery Heavenly Body Discovered“). Na realidade, os astrônomos não estavam confiantes de que era realmente o misterioso corpo infravermelho (a pista está na palavra “misterioso”). Os informes originais das mídias postulavam que poderia ser um cometa de longo período, ou um planeta, ou uma galáxia jovem, ou uma proto-estrela (ou uma anã marrom). Tão logo que se mencionou a última possibilidade, tal rumor se converteu na “descoberta” de que o Planeta X era na realidade uma anã marrom que orbitava nos confins mais distantes do Sistema Solar.
“Tão misterioso é o objeto que os astrônomos não sabem se é um planeta, um cometa gigante, uma “proto-estrela” próxima que nunca teve calor suficiente para converter-se em estrela, uma galáxia distante tão jovem que ainda está em processo de formar suas primeiras estrelas ou uma galáxia envolta em pó que bloqueia a luz gerada por suas estrelas”. – Thomas O’Toole, Escritor associado ao Washington Post, 30 de dezembro de 1983 (conforme texto do site Planet X and Pole Shift).
Então, de onde obteve essa história o Washington Post? A história foi publicada em resposta ao artigo de pesquisa titulado Unidentified point sources in the IRAS minisurvey (”Fontes pontuais não-identificadas na pesquisa do IRAS” por Houck et al publicado em Astrophysical Journal Letters, 278:L63, 1984). O Dr. Gerry Neugebauer, co-investigador do projeto IRAS, foi entrevistado e afirmou categoricamente que o que IRAS viu não sugeria que houvesse um objeto aproximando-se da Terra. Lendo esta interessante pesquisa, fiquei especialmente atraído pela conclusão do artigo científico:
“Um número de identificações candidatas tem sido consideradas, incluindo objetos extragalácticos e galácticos próximos ao Sistema Solar. Posteriores observações em infravermelho e outras faixas de freqüência de onda podem proporcionar informação adicional para apoiar alguma de estas conjeturas, ou talvez, estes objetos irão necessitar de interpretações completamente distintas”. – Houck et al, Astrophysical Journal Letters, 278:L63, 1984.
Embora estas observações publicadas do IRAS terem mencionado vagamente objetos misteriosos, nessa ocasião não havia nenhuma indicação de que existisse um objeto (muito menos uma anã marrom) aproximando-se de nós. Mas os rumores já haviam começado a fluir. Quando se publicaram posteriores artigos em 1985 (”Unidentified IRAS sources – Ultrahigh-luminosity galaxies“, Houck et al., 1985) e 1987 (The IRAS View of the Extragalactic Sky, Soifer et o., 1987), já haviam bem poucos interessados em seus argumentos esclarecedores. De acordo com estas novas publicações, a maioria das observações do IRAS no artigo de 1984 eram na realidade jovens galáxias ultra-luminosas e uma delas era uma estrutura filamentosa conhecida como “cirrus infravermelho” flutuando no espaço intergaláctico. O IRAS, de fato, nunca observou nenhum corpo astronômico nos confins do Sistema Solar.

Perturbações orbitais = Planeta X?

Além da “descoberta de 1983″ da “anã marromPlaneta X, a afirmação de 1992 sobre o Planet X era algo assim: “Desvios inexplicáveis nas órbitas de Urano e Netuno apontam para um grande corpo fora do solar sistema solar com 4 e 8 vezes a massa da Terra, em uma órbita muito inclinada, há 11 bilhões de quilômetros do Sol”, – texto de uma fonte da NASA não citada no vídeo “Planet X Forecast and 2012 Survival Guide” (”Previsão e Guia de Sobrevivência para a vinda do Planeta X”).

foto cinturão de kuiper

Apoiando-se na descoberta de planetas usando as medidas de perturbação orbital, os defensores do Planeta X apontam para esse tal alegado anúncio da NASA em 1992. Nesse cenário foram apuradas medidas indiretas de um planeta a aproximadamente 11 bilhões de quilômetros da Terra. Desgraçadamente, não se encontrou a fonte original desta afirmação para se fazer a confrontação. A única grande descoberta que a NASA anunciou sobre este tema em 1992 foi o descoberta do primeiro grande objeto trans-netuniano (TNO) denominado 1992 QB1 (os detalhes da descoberta deste objeto da classe cubewano estão detalhados aqui na transcrição original do anúncio). 1992 QB1 possui um diâmetro de 200 km e está confinado no Cinturão de Kuiper, uma zona de planetas anões (onde reside Plutão) e asteróides entre 30 UA e 55 UA, além da órbita de Netuno. Alguns destes corpos (exemplo: Plutão) cruzam eventualmente o caminho da órbita de Netuno e são por isso designados como TNO. Estes TNOs não proporcionam nenhuma ameaça contra a Terra (muito menos eles abandonarão o Cinturão de Kuiper para fazer-nos uma visita em 2012).
Desde então, qualquer perturbação orbital de Netuno tem sido associada a erros observacionais e não se têm observado quaisquer problemas com as apurações da órbita desse planeta desde então… pelo que parece não há nenhum objeto óbvio maior que qualquer dos que existem no Cinturão de Kuiper ali fora. Ainda assim, para manter uma mente aberta, vamos supor que poderiam até haver corpos por descobrir (isso poderia explicar por que há uma queda na concentração tão marcante dos objetos do Cinturão de Kuiper na “Falésia de Kuiper”), mas não há provas de que um corpo massivo está se aproximando desde a vizinhança do Cinturão de Kuiper. Além disso a estranha anomalia da Pioneer a qual as sondas Pioneer e Voyager estão experimentando também não se pode atribuir ao Planeta X. Esta anomalia parece ser uma aceleração até o Sol, se houvesse um planeta massivo ali fora, este provocaria algum efeito gravitacional contrário…


4 a 8 massas terrestres = uma anã marrom!?!? Tem que ser o Planeta X!

Provavelmente a inconsistência mais evidente na hipótese do Planeta X é a afirmação dos defensores do Planeta X de que o objeto de 1984 de IRAS e o corpo de 1992 são o mesmo. Como anunciado em diversas páginas da web e vídeos on-line sobre o Planeta X, a observação de 1984 de IRAS viu o Planeta X a 80 bilhões de quilômetros da Terra. O “alegado anúncio” da NASA de 1992 colocou o Planeta X a uns 11 bilhões de quilômetros da Terra. Portanto, seguindo a lógica, o Planeta X havia viajado 69 bilhões de quilômetros ao longo de apenas oito anos (de 1984 a 1992). Baseado então em alguns duvidosos cálculos matemáticos, o Planeta X é então esperado que alcance o centro do Sistema Solar em 2012 (embora muitos acreditassem que deveria haver chegado em 2003… obviamente estavam equivocados em sua previsão).
Bom, penso assim que nós estamos mordendo nossa língua agora. Para começar, para que o objeto de 1984 fosse exatamente o mesmo que o objeto de 1992, certamente estes corpos deveriam ter a mesma massa. Se o Planeta X era de fato uma anã marrom (como as observações do IRAS nos levou a supor), como é possível tal objeto pesar tão somente de 4 a 8 massas terrestres oito anos depois? As anãs marrons têm uma massa na faixa de 15-80 vezes a massa de Júpiter. Dado que Júpiter tem aproximadamente 318 massas terrestres, o objeto que se dirige até nós deveria ter uma massa de entre 4.770 e 25.440 massas terrestres, não é? Dessa forma, vou ser taxativo aqui e concluir que os objetos de 1984 e de 1992 (se é que existiram alguma vez tais objetos) nunca poderiam ser os mesmos. A diferença de massas entre esses alegados objetos é abismal…

Se não há provas que apóiem o Planeta X, deve(?) então haver uma conspiração dos governos

Parece agora que é bem fácil alegar dúvidas sobre a pretensa teoria “científica” básica que está por trás do suposto Planeta X. Tampouco vejo razões para estender o assunto aqui para discutir as razões históricas (extinções massivas, atividade vulcânica, terremotos etc.) sobre as quais os profetas do apocalipse acreditam que justificam o tal Planeta X. Se não há nenhum planeta ofensor lá fora com uma massa significativa, como poderia ser Nibiru uma ameaça para nós em 2012?
Os profetas do apocalipse tentarão nos convencer que há uma conspiração global dos governos internacionais para ocultar os fatos. A NASA estaria implicada neste acobertamento, dada a falta de evidências sobre o Planeta X. Em minha opinião, simplesmente a falta de provas não indica uma conspiração para ocultar a verdade do público. Por que acreditar que os governos ocultariam uma “descoberta” tão histórica e formidável como um planeta apocalíptico aproximando-se o Sistema Solar interior? Ah! É para evitar o pânico nas massas e seguir com suas próprias agendas secretas (obviamente).
Como resultado, este é o único ponto de apoio atrás do mito do Planeta X. Quando os confrontamos com os fatos científicos, os defensores do Planeta X respondem “… os governos nos enviam desinformação para encobrir a verdade sobre as observações de Nibiru“. Embora eu até aprecie eventualmente uma bem construída tese de teoria da conspiração, não apoiarei nada em nome do Planeta X. Se a ciência básica que nos tem levado a concluir que a tese da existência do Planeta X está errada, parece então um argumento pobre dizer “mas foi o governo que fez isso”.
Assim, a história que o Planeta X chegará em 2012 é, em minha opinião, uma total estupidez (mas ela ajuda a vender livros e DVDs, criados pelos profetas do apocalipse, a gente aterrorizada). Desta forma, Nibiru seguirá tão somente nos domínios dos mitos sumérios.

2 comentários:

  1. ao menos me acalmou, mas ainda tenho medo da Nova Ordem Mundial,

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  2. Se é verdade eu não sei, mas que estão escondendo alguma coisa, estão sim.
    Eu quero está vivo até la.

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